sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falando sobre o que não se pode nomear...

Existem coisas na vida que eu me recuso a falar. Coisas que me recuso a falar porque não sei falar. Não há como mensurar em palavras certas coisas. Posso falar sobre semiótica como quem fala do que comeu no almoço, mas não consigo falar o que sinto. Talvez porque ache que ninguém vai entender o que sinto, todos podem entender semiótica, mas nem todos podem entender quando se fala na cumplicidadde, na ternura de um olhar. 
Hoje eu vou tentar mais uma vez dizer em palavras o que eu nunca falo.
Esse mês faz 8 anos que eu comecei uma viagem. Uma viagem que começou com uma aposta, um olhar e um beijo de "cala-te". Uma viagem que tem um rosto, um sorriso, um cheiro, um gosto e um universo no olhar que só eu consigo navegar. 
Já estive apaixonada diversas vezes durante a minha vida, e que todos os meus ex-namorados e ex-paixonites que me perdoem, nada, isso mesmo, nada se compara com o encontro que tive 8 anos atrás. 
Encontro com um ser humano extremamente diferente de mim, com uma história de vida bem distinta da minha e contrariando todas as expectativas de quem nos observava naquele momento, a união dos nossos universos deu muito certo. Esse ser que venho conhecendo e me deixando conhecer durante 8 anos, estabeleceu comigo uma espécie de relação que é livre todos os rótulos, que não pode ser nomeada porque não tem classificação. 
Ainda lembro do nosso primeiro trato, algo do tipo: "Você vive muito bem sem mime eu sem você, e pode partir sem mim quando quiser, mas não fique comigo se não me ama mais". Trato que cumprimos fielmente até hoje. 
Quem vê a gente junto, de fora, pode não entender nada, a gente também não entende, não precisamos entender, somos "brothers", amigos, companheiros, torcemos um pelo outro, e nos entendemos mesmo no que não se pode entender. Essa relação nascida e regada a muito tesão, muita pele, muito gosto, muito cheiro... essa relação me apresentou o que é o amor, se é  posso chamar assim o que sinto. 
Quando embarquei nessa viagem tinha só 16 anos, muitas loucuras na cabeça e uma vontade de devorar o mundo. Assumi meu destino, aceitei naquela praça o que o universo tinha me preparado, mesmo sem entender. Eu não sabia que era amor, acho que ninguém sabe, apenas me permiti. Os anos se passaram e aquele menino é um homem, eu já sou uma mulher, e durante todos esses anos a gente aprendeu a conviver e a viver, sofremos juntos, choramos juntos diversas vezes, já fomos ao céu e ao inferno algumas vezes, mas juntos a a gente sempre funciona... 
Tenho que confessar que, por muitas e muitas vezes eu penso que ele merecia viver com uma pessoa menos louca, menos temperamental, com uma personalidade mais passiva, que gostasse de coisas mais simples e que soubesse demonstrar seus sentimentos... Alguém que não fosse eu... Sei que não sou fácil, eu mesma não me entendo, eu mesma tenho dificuldades de viver comigo... e ele faz isso tão bem... e com tanta ternura no olhar... e eu nunca digo nada. 
Não sei dizer nada. Nunca disse o quanto eu o admiro por tudo isso, e pelo homem que ele é, não sei nem se ele tem noção de quanto eu o amo... de quão grande, diferente e inexplicável é o que sinto por ele... de quanto o meu coração ainda acelera quando falo com ele, de quanto o riso surge no meu rosto quando penso nele, de quanto eu quero sempre tê-lo ao meu lado. 
Não que todos os dias isso foi assim. Muitas vezes eu pensei se eu o amava mesmo, duvidei dos meus sentimentos e dos dele, duvidei e cheguei a afirmar que não o amava mais. Tentei fugir dele, e de tudo o que eu sentia, porque eu nunca entendo os meus sentimentos, nunca sei lidar com eles, eu finjo que sei mais não sei, ele sabe lidar mais com os meus do que eu mesma, então quis fugir, me esconder, viver longe, saber se podia viver longe daquele ser o qual não faz minha vida girar em torno dele, que nunca me exigiu e nunca me prendeu, mas me prende inconscientemente na sua órbita de tal maneira que nunca, nunca consegui de verdade, do fundo da minha alma, por um segundo que fosse, esquecer do seu olhar  e do sentimento inonimavel que ele me traz. 
Nunca soube dizer se isso tudo é realmente amor, não sei nem dizer se vamos passar o resto de nossas vidas juntos, só sei dizer e isso digo sempre e pra quem quiser ouvir, que minha alma e meu corpo são ligados no dele, e mesmo se um dia nós não sejamos mais marido e mulher, essa relação que existe entre nossas almas será sempre intocável, essa cumplidade, essa amizade e esse entendimento e compreensão que existe entre nós, desculpem todos outros, não deixará de existir nunca. Dizer "eu te amo" é simples demais, meu amor, o que eu quero te dizer não tem palavras e espero que você, como sempre faz com as minhas loucuras, entenda. Me perdoem, não sei fazer poesias, nem provas de amor, apenas tento viver e ser fiel ao que eu sinto e espero que isso sirva. E a todos os que sentem, não tenham medo, se permitam, vivam suas próprias regras, os sentimentos não são para classificar, são como uma boa obra de arte, pra sentir.