domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Precisávamos - e continuamos precisando - de atores extremamente corajosos para aceitar trabalhar num navio que às vezes não tem bússola, que navega seguindo uma estrela.
O ator, como todo artista, é explorador; é alguém que, armado ou desarmado, no mais das vezes desarmado, segue por um túnel muito longo, muito profundo, muito estranho, às vezes muito escuro, alguém que, assim como um minerador, recolhe pedregulhos e, entre esses pedregulhos, é preciso encontrar e talhar um diamante. Acho que é isso que os atores chamam de 'aventura'. Em todo caso, é o que chamo de aventura. Descer à alma dos seres, de uma sociedade - e voltar - é a primeira parte da aventura."

Trecho de Ariane Mnouchkine

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

RECIPROCIDADE...


" s.f. Estado ou qualidade do que é recíproco.

Correspondência mútua de palavras, atos etc.: reciprocidade de sentimentos, de serviços; tratado de reciprocidade entre Estados.

Em psicologia socialreciprocidade refere-se a responder uma ação positiva com outra ação positiva, e responder uma ação negativa com outra negativa. " 

Existem muitas coisas nessa vida que me chateiam. Mas se há algo que realmente me deixa magoada é essa tal reciprocidade. É ela que me faz questionar a vida. Sério. Não fico divagando sobre de onde viemos e pra onde vamos. Divago sempre sobre reciprocidade. Sério mesmo. Nessa vida a gente não deve esperar nada de ninguém, alguém pensará. Tá certo, responderia eu, se de verdade, eu realmente acreditasse que pensar assim serviria pra mim. Não adianta, teoricamente eu sei disso. E nem sou tão idealista assim, mas essa parece uma utopia na minha vida, em que eu insisto em acreditar. Sim meus caros, ainda acredito na reciprocidade. Acima de tudo na reciprocidade do universo. Esse não falha. Eu sempre recebo de volta as "energias" que mando. Mas as pessoas. Ah... as pessoas! Elas me fazem me sentir tão tola em relação a isso. Elas testam tanto essa minha crença. Porque de fato, existem pessoas que não sabem nem o significado de reciprocidade, e mesmo as poucas que sabem, bem, elas fingem que não sabem ou simplesmente não querem exercê-la. E isso me cansa. Me magoa. Queria tanto poder esperar menos das pessoas, criar menos expectativas em relação ao ser humano, mas ainda não consigo. Esse tipo de coisa não se cobra, sabe? Eu sei. E por isso sempre espero em silêncio o grande momento em que a tal reciprocidade acontecerá na minha vida. Por que? Talvez seja porque é uma das coisas mais raras da vida. Talvez por que sou tola mesmo. 
Acho que deveria começar a exigir isso. Sério. Sério mesmo. Acho que vou começar a estabelecer em mim centenas de melindres.Vou retroceder à minha infância/adolescência de garota mimada e bater o pé sempre que quiser algo. Fingir suicídio sempre que quiser atenção. Bater o pé, porta, quebrar vidros e azulejos, xingar, gritar e todo o tipo de infantilidade que eu puder me lembrar. Tudo isso por um pouco de reciprocidade. Acho que... Ok! Você me conhece, eu me conheço. Não seria capaz disso. Não sou capaz nem de contar que me doeu. O máximo de exigência que faço é que desculpe o meu cansaço e minha mágoa passageira. Que aceite meu desabafo. 
Reciprocidade a gente espera de quem a gente ama. Amor de verdade, manja? Aquele que dói. E dói mais quando a gente percebe que o conceito de reciprocidade não é tão conhecido assim. 
O que eu posso fazer? Silêncio. 

sábado, 1 de outubro de 2011

Cansada...


Eu canso. É verdade, eu canso. Canso de mim. Canso disso tudo. Canso de ser quem eu sou, como eu sou. Canso de ser tratada pelas pessoas como eu normalmente sou. Sério, canso. E o pior que a culpa desse cansaço todo é só minha. Adoraria não me cansar, mas sei que eu causo isso, mesmo não querendo. Ando bem cansada esses dias... Cansada de não pensar antes de agir, de falar tudo que eu penso sem nem pensar antes. Cansada de demonstrar o tempo todo se gosto ou não gosto. Cansada da minha sinceridade objetiva. Cansada do meu humor ácido, das gracinhas e brincadeirinhas incontroláveis que saem da minha boca. Cansada de todos os meus assuntos terminarem em sexo e viver fazendo brincadeirinhas em torno disso. Cansada de ser insensível comigo e com os outros. Cansada de não conseguir ser simpática e carinhosa com ninguém. Cansada de ser taxada como monstra arrogante, que passa por cima de tudo e todos como uma máquina. Cansada de ser tratada como uma máquina, por mim e pelos outros. Cansada de não conseguir abraçar ou fazer carinho nas pessoas. Cansada de não receber carinho. Cansada dessa suposta cara de mulher segura e inabalável, que não deixa ninguém me fazer um cafuné, nem me dar colo. Cansada de não ter colo. Cansada de todas as minhas defesas, de todas as táticas pra não me envolver e não me machucar. Cansada de viver escolhendo, selecionando, observando minunciosamente tudo e todos. Cansada de não conseguir parar pra relaxar e nem saber fazer isso. Cansada das minhas dificuldades todas, dessa minha ânsia toda, dessa vontade incontrolável de saber e viver o mundo independente se vou me cansar ou não. Cansei de não conseguir mudar, de não saber mudar ou nem saber se quero realmente mudar. Isso é quem eu sou. Se eu não tenho sensibilidade comigo e com os outros, como pensar que alguém tenha o tato de imaginar que eu não sou só isso? Como pedir abraços apertados? Como se dar o direito de chorar baixinho no ombro de alguém? Eu não sei fazer nada disso.. nunca soube. Adoraria aprender, mas talvez me canse da busca antes de aprender. Talvez seja assim mesmo, e no fundo mesmo cansada, eu goste disso tudo. Não sei. Só sei que hoje eu quero DEScansar.


"Hoje o mar faz onda feito criança
No balanço calmo a gente descansa
Nessas horas dorme longe a lembrança
De ser feliz
Quando a tarde toma a gente nos braços
Sopra um vento que dissolve o cansaço
É o avesso do esforço que eu faço
Pra ser feliz
O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia
As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos
Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.
Quando as sombras vão ficando compridas
Enchendo a casa de silêncio e preguiça
Nessas horas é que Deus deixa pistas
Pra eu ser feliz
E quando o dia não passar de um retrato
Colorindo de saudade o meu quarto
Só aí vou ter certeza de fato
Que eu fui feliz
O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia
As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos
Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar."

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falando sobre o que não se pode nomear...

Existem coisas na vida que eu me recuso a falar. Coisas que me recuso a falar porque não sei falar. Não há como mensurar em palavras certas coisas. Posso falar sobre semiótica como quem fala do que comeu no almoço, mas não consigo falar o que sinto. Talvez porque ache que ninguém vai entender o que sinto, todos podem entender semiótica, mas nem todos podem entender quando se fala na cumplicidadde, na ternura de um olhar. 
Hoje eu vou tentar mais uma vez dizer em palavras o que eu nunca falo.
Esse mês faz 8 anos que eu comecei uma viagem. Uma viagem que começou com uma aposta, um olhar e um beijo de "cala-te". Uma viagem que tem um rosto, um sorriso, um cheiro, um gosto e um universo no olhar que só eu consigo navegar. 
Já estive apaixonada diversas vezes durante a minha vida, e que todos os meus ex-namorados e ex-paixonites que me perdoem, nada, isso mesmo, nada se compara com o encontro que tive 8 anos atrás. 
Encontro com um ser humano extremamente diferente de mim, com uma história de vida bem distinta da minha e contrariando todas as expectativas de quem nos observava naquele momento, a união dos nossos universos deu muito certo. Esse ser que venho conhecendo e me deixando conhecer durante 8 anos, estabeleceu comigo uma espécie de relação que é livre todos os rótulos, que não pode ser nomeada porque não tem classificação. 
Ainda lembro do nosso primeiro trato, algo do tipo: "Você vive muito bem sem mime eu sem você, e pode partir sem mim quando quiser, mas não fique comigo se não me ama mais". Trato que cumprimos fielmente até hoje. 
Quem vê a gente junto, de fora, pode não entender nada, a gente também não entende, não precisamos entender, somos "brothers", amigos, companheiros, torcemos um pelo outro, e nos entendemos mesmo no que não se pode entender. Essa relação nascida e regada a muito tesão, muita pele, muito gosto, muito cheiro... essa relação me apresentou o que é o amor, se é  posso chamar assim o que sinto. 
Quando embarquei nessa viagem tinha só 16 anos, muitas loucuras na cabeça e uma vontade de devorar o mundo. Assumi meu destino, aceitei naquela praça o que o universo tinha me preparado, mesmo sem entender. Eu não sabia que era amor, acho que ninguém sabe, apenas me permiti. Os anos se passaram e aquele menino é um homem, eu já sou uma mulher, e durante todos esses anos a gente aprendeu a conviver e a viver, sofremos juntos, choramos juntos diversas vezes, já fomos ao céu e ao inferno algumas vezes, mas juntos a a gente sempre funciona... 
Tenho que confessar que, por muitas e muitas vezes eu penso que ele merecia viver com uma pessoa menos louca, menos temperamental, com uma personalidade mais passiva, que gostasse de coisas mais simples e que soubesse demonstrar seus sentimentos... Alguém que não fosse eu... Sei que não sou fácil, eu mesma não me entendo, eu mesma tenho dificuldades de viver comigo... e ele faz isso tão bem... e com tanta ternura no olhar... e eu nunca digo nada. 
Não sei dizer nada. Nunca disse o quanto eu o admiro por tudo isso, e pelo homem que ele é, não sei nem se ele tem noção de quanto eu o amo... de quão grande, diferente e inexplicável é o que sinto por ele... de quanto o meu coração ainda acelera quando falo com ele, de quanto o riso surge no meu rosto quando penso nele, de quanto eu quero sempre tê-lo ao meu lado. 
Não que todos os dias isso foi assim. Muitas vezes eu pensei se eu o amava mesmo, duvidei dos meus sentimentos e dos dele, duvidei e cheguei a afirmar que não o amava mais. Tentei fugir dele, e de tudo o que eu sentia, porque eu nunca entendo os meus sentimentos, nunca sei lidar com eles, eu finjo que sei mais não sei, ele sabe lidar mais com os meus do que eu mesma, então quis fugir, me esconder, viver longe, saber se podia viver longe daquele ser o qual não faz minha vida girar em torno dele, que nunca me exigiu e nunca me prendeu, mas me prende inconscientemente na sua órbita de tal maneira que nunca, nunca consegui de verdade, do fundo da minha alma, por um segundo que fosse, esquecer do seu olhar  e do sentimento inonimavel que ele me traz. 
Nunca soube dizer se isso tudo é realmente amor, não sei nem dizer se vamos passar o resto de nossas vidas juntos, só sei dizer e isso digo sempre e pra quem quiser ouvir, que minha alma e meu corpo são ligados no dele, e mesmo se um dia nós não sejamos mais marido e mulher, essa relação que existe entre nossas almas será sempre intocável, essa cumplidade, essa amizade e esse entendimento e compreensão que existe entre nós, desculpem todos outros, não deixará de existir nunca. Dizer "eu te amo" é simples demais, meu amor, o que eu quero te dizer não tem palavras e espero que você, como sempre faz com as minhas loucuras, entenda. Me perdoem, não sei fazer poesias, nem provas de amor, apenas tento viver e ser fiel ao que eu sinto e espero que isso sirva. E a todos os que sentem, não tenham medo, se permitam, vivam suas próprias regras, os sentimentos não são para classificar, são como uma boa obra de arte, pra sentir.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pedindo humildemente...

Ando meio sem paciência... Ando com dificuldades de escolher as palavras certas pra dizer o que eu sinto... Ando com problemas pra entender o que eu sinto... Eu sinto tanto... Eu ando tanto... Queria tanto poder dizer pra cada um e ouvir cada um... queria ouvir seus desabafos e poder desabafar também.
Ser forte... Somos fortes, mas mesmo os mais fortes sofrem. Ando sofrendo por tentar ser forte... O problema está em as pessoas entenderem que os fortes também tem direito de se desesperar... chorar... pra rir de tudo depois...
Não posso chorar quando me machucam. Não posso chorar quando estou triste. Não posso chorar na frente dos outros. Não posso chorar sequer no meu travesseiro. Não posso chorar pelos outros. Não posso chorar por mim mesma.
E com essas lágrimas travando minha respiração não sei mais o que fazer... Quero gritar, mas não quero deixar de ser forte. Quero te ouvir, mas também preciso ser ouvida. Não posso só enxugar as lágrimas alheias... Necessito que alguém enxugue as minhas.
Me deixem chorar e enxuguem minhas lágrimas por favor. Me deem o direito de mesmo sendo forte, receber colo e carinho as vezes. Eu sou só uma criança perdida, uma adolescente confusa e uma mulher cheia de problemas, pedindo humildemente um cafuné enquanto choro, e um abraço apertado. Mas me deixe chorar. Obrigada.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por que...

Por que temos medo dos nossos pensamentos?
Por que temos medo das nossas vontades?
Por que temos que esconder nossos desejos?
Por que temos fingir que nada está acontecendo dentro de nós?
Por que tanta política em volta de sentimentos?
Por que tantos impedimentos colocados por nós mesmos?
Eu só queria poder expor tudo o estou pensando agora sem medo do depois. Eu só queria poder ser sincera comigo mesma e admitir certas coisas... É tão difícil assim deixar nosso instinto falar mais alto? Por que inventamos tantas normas de comportamentos que só servem pra meia dúzia? A única coisa no meio dessa confusão toda é que entendo muitos "por quês" que antes nem imaginaria justificar nada, mas que hoje fazem todo sentido pra mim, e que temo por mim mesma porque sei que não demorará muito mais essa libertação. Pobre alma que ouvirá de almas covardes que não deveria ter feito o que fez e não adiantará dizer que estava vivendo, eles não sabem o que é isso.
Não quero ser covarde, na minha alma não espaço pra isso. Quero sabedoria pra usar a coragem de usar meus instintos e ser quem sou, fazendo o que quero fazer e do jeito que eu imaginar.
E você tem medo? Vai dizer que você também não quer? Vamos?


"minhas vértebras pra trás,
suor frio que pinica,
eu senhora, tu rapaz,
transado em mim estica.
agradável me indica
pra você, sou eu feroz,
nas quatro paredes quica
gemidos de minha voz." - Volúpia

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pena...

É uma pena ter aprendido que cada um tem o seu tempo e que a maioria das pessoas só aprende errando... Nem sempre podemos ficar alertando nossos amigos de tudo, evitando que caiam em ciladas, que andem com pessoas que as odeiem e a convidam só pra ter de quem rir depois... É uma pena que nossos amigos tenham tempos diferentes pra entender quem é amigo e quem não é... é uma pena... Só queria poder dizer.. não vai, não faça mais isso... não aceite esses convites por mais que não goste de ficar sozinha... Não aceite ser feita de piada da noite só pra poder sair de casa, não se junte com quem te odeia só com medo da falsa solidão... é uma pena... Mas não posso fazer ninguém ver além do que quer... Não posso te abrir os olhos  a todo instante, você precisa aprender sozinha... E isso é uma pena... uma pena... pena...